Boleiras e boleiros de oito
municípios alagoanos participaram, nesta terça-feira (01), na cidade de Pão de
Açúcar, no sertão alagoano, do encontro que marcou a criação da Rede de Boleiras
e Boleiros de Alagoas, instrumento de mobilização que tem por entre seus
objetivos fortalecer e preservar o trabalho desses profissionais com produtos
da culinária tipicamente alagoana.
Além da criação da Rede, o evento
organizado pela Prefeitura de Pão de Açúcar, Embrapa Alimentos e Territórios e
o Conisul, marcou o lançamento do curso de capacitação na modalidade EAD,
dividido em nove módulos e com duração total de 09 horas, destinada a mulheres
e homens que atuam na produção artesanal de produtos agroalimentares, como
bolos tradicionais à base de mandioca e coco.
O curso aborda desde aspectos
históricos da produção de bolos, boas práticas para a fabricação de bolos
artesanais, aspectos de saúde e bem-estar, até a importância da integração com
redes de turismo comunitárias nacionais e internacionais. Outros temas
abordados referem-se a ingredientes, equipamentos e embalagens, estímulo ao
empreendedorismo, associativismo e cooperação, conceitos relativos a custos de
produção e lucro, além do acesso a crédito e microcrédito.
Durante o lançamento, a secretária
de Assistência Social de Pão de Açúcar, Soraya Omena Dantas, destacou o
trabalho do município na valorização de toda a cadeia dos pequenos produtores. O
município aprovou, em julho, o Programa Municipal de Aquisição de Alimentos, que
compra parte da produção da agricultura familiar desde a matéria prima natural
até os produtos derivados e destina a alimentação dos estudantes e a famílias em
vulnerabilidade social.
“Reconhecemos o trabalho dessas
mulheres e homens através de ações sociais que impactam em todos os elos da
cadeia produtiva no âmbito municipal. A partir de agora, tanto o curso de
capacitação quanto a criação da rede vão projetar o trabalho desses profissionais
em todo o estado”, destaca a gestora, agradecendo a parceria da Embrapa e o apoio
do Conisul.
Os representantes da Embrapa,
Rodolfo Osório e Ariane Gleyse apresentaram um estudo socioeconômico das Boleiras
e Boleiros que apontou, entre vários itens pesquisados, que a produção dos
bolos é feita majoritariamente por mulheres, com 98% do grupo, e apenas 2% da
produção é feita por homens.
O encontro teve a apresentação da
experiência da bejuzeira da cidade de São Cristóvão, em Sergipe, Vânia Dias
Correia, que apresentou seu empreendimento e deu várias dicas de como abordar
os clientes e tornar os produtos mais atraentes e vendáveis. Além dela, a
professora Sônia Menezes apresentou um estudo sobre as Boleiras do estado
vizinho.
Durante o encontro, homens e
mulheres que atuam na produção de bolos deram seus depoimentos para falar sobre
a experiência, os desafios, inovações e as conquistas ao longo do trabalho.
“Ao longo aos anos fui aprendendo
a preparar e cozinhar diversos tipos de pratos, desde os tradicionais até os
mais elaborados. Nos dias em que estou desanimado ou estressado, o calor do
fogo me acalma e renova minhas energias para seguir em frente, pois amo o que
faço”, afirmou Elias José, de Pão de Açúcar.
A boleira Rosa Maria dos Santos, do
Sítio Serrote dos Bois, de Santana do Ipanema, contou sobre o trabalho das mulheres
de sua comunidade com ervas medicinais e o uso das ervas nas receitas
tradicionais de bolos. “Criamos o bolo e o brigadeiro de capim-santo, receita
que tem sido verdadeiro sucesso de audiência”, relatou.
Rita Ferreira da Costa contou
sobre a experiência da comunidade quilombola Guaxinim, de Cacimbinhas, que tem
uma cooperativa e produz desde a farinha até os bolos a base de mandioca e
outros produtos.
Além dos profissionais de Pão de
Açúcar, estiveram presentes representantes os municípios de Arapiraca, Cacimbinhas,
Lagoa da Canoa, Feira Grande, Santa Luzia do Norte, Santana do Ipanema e
Taquarana.